A vinheta do carnaval de 2017 da Rede Globo surpreendeu a todos neste ano. Isso porque pela primeira vez desde sua criação, em 1991, a emissora tirou a mulher nua sambando para valorizar a diversidade da cultura brasileira.
Dessa vez, Erika Moura , a Globeleza, aparece com vários figurinos diferentes e fazendo coreografias que representam os tipos de folia pelo país. A mudança foi aprovada pelo público, que imediatamente se manifestou nas redes sociais. Mas afinal, o que motivou a Rede Globo a mudar sua tradicional e marcante vinheta do carnaval vestindo a Globeleza ?
Seria um retrocesso? Um empoderamento? Valorização da cultura brasileira? Para a psicóloga especialista em desenvolvimento humano Marilena Bigoto, para muitas pessoas isso significa um retrocesso, porque durante muito tempo as mulheres foram conquistando o direito de serem menos conservadoras e mostrarem mais o corpo. “Chegaram ao ponto de mostra-lo completamente. Portanto, cobrir o corpo no carnaval pode parecer um retrocesso”, afirma.
Mas, segundo a especialista, para as mulheres que sentem-se vulgarizadas pela exposição, isso pode significar um empoderamento. (Significado: Empoderamento feminino é o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos, como a total igualdade entre os gêneros, por exemplo). Segundo a especialista, o fato das mulheres estarem nuas apenas com seus corpos pintados durante o carnaval, pode ter trazido a interpretação de que na folia, tudo está liberado e não existe pudor. "Sabemos que não é essa a intenção, e sim, mostrar a arte no corpo de uma mulher bonita.
Mas ainda assim, as pessoas associam com o que elas querem". A militante e seguidora da vertente do feminismo liberal, Fernanda Uehara, de 22 anos, acha que "jamais" isso significaria um retrocesso. "É um empoderamento sim, porque mostra que não é só mulher pelada que faz o carnaval". Thatiane Sasson tem 32 anos e está no carnaval há 21. Atualmente, ela é ritmista da Unidos de Vila Maria, escola de samba de São Paulo. Ela gostou da nova vinheta da Globeleza ter abordado os diversos carnavais do País, mas não via problemas nas vinhetas passadas.
"Nunca vi isso como nudez total, e sim um trabalho artístico com pinturas ou adesivos", opina. Para ela, isso não significa nem retrocesso, nem empoderamento. "Para mim, se houver qualquer tipo de concurso e a branca, ruiva ou negra sambar e ter todos os quesitos para uma Globeleza , ela tem e merece estar lá", completa.
Fonte: Carnaval - iG.